quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

João e Eu, caça e caçador.

"Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito à força, numa procura".
Esses são versos de uma composição de Sérgio Magrão e Luís Carlos Sá, imortalizada na voz de Milton Nascimento, chamada Caçador de mim. Um grande amigo meu pediu-me que escrevesse um texto sobre as mudanças, tranformações e novidades do momento pelo qual estamos passando, a ansiedade antes das primeiras aulas na universidade. Confesso que é um pouco complicado falar sobre algo tão confuso e inexato. mas essa canção traz um pouco desse sentimento. Ainda que naõ fale de euforia e de ansiedade literalmente, essa canção possui, em seu verso mais conhecido, uma definição que serve para todos os momentos da vida, especialmente para aqueles de transição como este que estamos vivendo: "Eu, caçador de mim".
Quando se faz presente o silêncio - no intervalo de todas as comemorações, das festividades, da alegria de ver seu nome estampado em mural de estrelas - é que se percebe que tudo está mudando. O silêncio é mágico e extremamente questionador. Ele sussurra em nossos ouvidos todas as nossas dúvidas, medos e anseios. Quando a frieza do silêncio quebra o calor da euforia percebemos o quão errantes ainda somos. Damo-nos conta de que tantas vidas que sempre caminharam juntas, ainda que sempre mostrando suas individualidades, tomam agora caminhos diferentes, sem ter necessariamente certeza desses caminhos. Nossas vidas não podem ignorar o fato de serem basicamente caminhada e, dessa forma, passam sem que muitas vezes nos demos conta de quanto estão mudando.
Aí 'a ficha cai'. Nós mudamos, crescemos, vivemos, passamos, 'matriculamos', mas ainda não começamos. Paramos. Esperamos. Percebemos como é inquietante aguardar por algo tão novo e diferente. Nossos espíritos juvenis retorcem-se em uma incômada angústia pelo conhecer. Queremos conhecer, mas queremos conhecer mais que as leis da natureza, queremos saber mais do que "por que o céu é azul" ou "por que as coisas sempre caem". Queremos nos conhecer, queremos conhecer o outro, queremos conhecer o mundo. Na nossa frenética busca por conhecer por saber como é e como vai ser, acabamos muitas vezes dominados pela nossa euforia. Nossa euforia é nossa alforria. Na nossa caçada, esse é o momento em que nós, caçadores de nós mesmos, caçamos de uma forma diferente. Trocamos as armas. Nosso frenesi se torna nossa espingarda e com ele tentamos alvejar o mundo e nós mesmos. Mas não miramos em nada. Disparamos para todos os lados tentando avidamente acertar. Acertar ao alvo e acertar na vida. Perdidos em uma nova mata, nós deliramos, somos caçadores inexperientes confusos entre os muitos ruídos que a mata possui, qualquer farfalhar é provocativo aos nossos sentidos. Somos jogadores amadores; esperamos que rolem os dados. Que rolem os dados! E quando eles rolam, rola o quê? Os pais dizem 'cuidado, lá rola de tudo!', os amigos dizem que rola diversão e outros dizem que rolam oportunidades. Mas na ópera desconhecida dessa nova mata, em que não sabemos quem é presa ou predador, somos apenas caçadores que, no fundo, só esperam que não rolem suas cabeças.
Afinal, quem nunca sonhou em ser rei? Então, nós caçadores também sonhamos. Ah, nós "planejamos", criamos as mais ousadas e pretensiosas estratégias para a caça e, no fundo, acreditamos que tudo será como planejado, ainda que saibamos que muitas vezes já planejamos, conjecturamos, profetizamos e vimos tudo mudar, porque uma caça é também terreno do acaso, da incerteza. Mesmo assim, nós continuamos sonhando em ser reis, os nossos sonhos são habitados pela glória da majestade e pelo reconhecimento de uma grande caçada.
Nós agora caçamos em terreno desconhecido, ainda que sejamos a mesma velha caça e o mesmo velho caçador, reinventamo-nos em um campo novo. Buscamos novas estratégias, mas também buscamos novos amores. Quem caça o faz por paixão ou desilusão, ainda que haja certos momentos em que ocorra uma estranha sinonímia entre esses senitmentos. Assim, há um quê passional em toda caçada e todo caçador deseja ser amante. Buscamos novos amores e paixões que desenrolam-se torridamente entre os mistérios da nossa caçada e, nesse momento, ja não mais nos importamos se somos caça ou caçador. Aí passamos a querer desarmar toda a nossa estratégia, ou não, talvez apenas queiramos continuar caçando e , ao mesmo tempo, emocionando. Queremos viver o suspense, a ansiedade e todas as mudanças da vida de caçador; e por mais que digamos que queremos nos entender, não nos esforçamos para ser caças fáceis para nós mesmos, queremos guardar noss mistério e com ele toda a ansiedade, as mudanças, as novidades e o inesperado de uma boa caçada.
"Longe se vai
Sonhando demais
Mas aonde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim."

2 comentários:

  1. ah não!!!!!
    (milton nascimento is gay!)
    tu repetiu reus primarios.
    mesmo tema,abordagem emo.
    -e eu nao curto milton nascimento.
    -e eu não passei no vestibular(burro), entao eu vou é esculhambar mermo.
    -e voçê ainda escreve bem.

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  2. Esse Dudu é Strike naum é!?
    Só pode ser...
    Texto muito bom! Sugestão p/ novos textos: escreve sobre as buscas que o ser humano faz no dia-a-dia, buscas que nos tornam empreendedores, mesmo que não empresários...

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