A caneta na mão não é assim tão útil.
Se o verso em si já não é naturalista,
Resta-nos a letra imperfeita da rima fútil.
O poema é mesmo utilitarista.
Se o verso é frio, empacotado, real
E a rima é seca, imprópria e exaustiva,
A poesia só pode parecer desleal
E arte do poeta, demasiado improdutiva
E se o poeta é escultor do poema preciso,
Seu trabalho só pode ser mesmo exibicionista.
Se todo poeta é um tanto Narciso,
A estrofe fica assim mesmo: fetichista.
A métrica deve ser, portanto, um ponto certo.
O verso é heroico, mas a forma é cansativa
Porque, de toda ideia, a letra sai de perto
E a poesia fica assim um tanto abusiva
E se o homem conquista o relativo
Seduzido pela melodia idealista
Sua arte faz-se então impertativo
Sente-se um joguete. ritmista.
E se cansa-se do esforço de ser orgânico,
Definha, então, numa missão abortiva
Entrega sua alma ao mundo mecânico
E faz poesia assim: retrospectiva
O poeta não quer mesmo ser simpático
Nem mesmo quer verso puro ou perfeição contemplativa.
Mas o verso teima em ser, por si, enfático
E todo esforço sucumbe em poesia positiva
quarta-feira, 30 de junho de 2010
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